segunda-feira, junho 12

Verão Acto II


Preciso que algo desabe e se revele: a beleza enorme da coincidência, a estonteante geometria da sorte.
Há mais loucos como eu nesta cidade!
As minhas mãos ardentes latejam de impaciência. A minha boca devora sem receio de nada, dissolvendo-se na tua.
Estremecemos os dois levados em ondas desarticuladas e harmoniosas de paixão. Sublimamos o amor.
E mais tarde, mais cedo, mais depressa, mais longe, cairemos sobre nós, desarticulados, exaustos de poesia, inúteis.
Outro alguém virá então e recolherá os destroços. E as coisas terminadas do verão deixarão mais uma vez de estar terminadas. No fim completo da memória dos corpos.
Mais tarde, mais cedo, mais depressa...


Fotografia: Mark Freedom

3 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Assumes, neste poema, a temporalidade do amor.
É como que uma derrota antecipada.
Infelizmente tens razão, já que na maioria dos casos é tudo muito efémero. Mas um verão apenas (2 ou 3 meses) não será um resultado muito curto para uma coincidência e uma sorte desse tipo?
Gostei do teu poema, é muito sentido e tem boas imagens.
Beijinhos.

disse...

"Preciso que algo se desabe e se revele".....

Sabes?, também eu! Beijo

Anónimo disse...

Amor de verão some na maré-alta ou fica enterrado na areia!
Mas terá sido amor?
Ou continuamos a dar-lhe o nome errado, e não era senão paixão?