quarta-feira, junho 14

Verão Acto III


Mais devagar, mais depressa avançámos ao encontro um do outro
len...ta...men...te... avivámos na luta desabrida dos corpos.
Como uma harpa, dedilhaste o meu corpo
Soei nos teus braços até ao mais fundo da noite
Largados os dois nesta amálgama de paixões encenámos uma noite de amor como se em nós mergulhassemos até à eternidade. O calor lá fora, cá dentro, distendeu-nos a alma, o coração, os músculos, a boca, os olhos e deixou-nos prostrados no cetim cor de fogo dos lençóis. Para sempre. Desde sempre.

O meu amor prefere as flores sensatas dos jardins
Mas eu, tulipa selvagem, desfolho-me na planície sem fim *

e desço sobre ele como orvalho madrugador.

Mais devagar, mais depressa, mais fora, mais dentro pertencemos aos que não dormem a noite inteira.


*In A voz secreta das mulheres afegãs. O suicidio e o canto.
de Sayd Bahodine Majrouh
Imagem daqui

4 comentários:

disse...

Gostei desta forma de amar....beijos, grandes!

Nilson Barcelli disse...

A tua triologia de verão (não sei se vai continuar) é muito bem escrita.
Para além da sensualidade das palavras, que sugerem as imagens que vais criando ao longo dos textos, toda a atmosfera que imaginaste é demasiado envolvente para não se ter a sensação, a dada altura, que o próprio leitor passa para dentro dela, ficando então a respirar o mesmo ar que o teu.
Parabéns.
Beijinhos e bom fim-de-semana.

mitro disse...

Para quê dormir, se a cama é planície?

Nilson Barcelli disse...

Onde se comenta o epílogo?
De qualquer modo digo aqui que subscrevo o que dizes.
Cama sem amor é inaceitável.

Beijinhos.