
Aqui, as casas são grandes perto dos barcos.
Olhamo-las de um exterior quente e sem vento, não vemos uma única janela, uma pessoa debruçada que possa acenar, um animal da floresta que procure o sítio da água.
Tudo quanto se consta, se canta e se sofre.
As palavras não ditas põem em causa a própria razão de ser de seres tu e ser eu - diferentes e complementares: eu não te conheci, tu não vieste de onde eu vim, não deverias ter chegado assim.
A cidade é apenas um lugar da vida onde a morte se passeia impune, como em qualquer outro lugar.
Onde não há mais ninguém e é terrivel viajar sózinho, é comum ficar-se e não poder fugir.
Mesmo fugindo. Sobretudo fugindo.
Uma cidade são só os escombros de uma paisagem perdida, todas as nenhumas tonalidades do negro fixo, uma efémera ideia de acaso e a parte branquíssima da solidão a chamar por ti.
Tu, de facto. E diante de ti um lugar onde não há mais ninguém e o animal, permanenetemente ferido, busca e encontra o seu uivo final.
Mas sem morrer. Sem morrer nunca. Sem morrer.
Fotografia: Manuel Seoane
2 comentários:
Um belo texto para pensar.
Quanto ao Virtual, não apostes que podes perder...ou ganhar!
Um beijo
Luis
Ai menina,eu não quero viver nessa cidade! Será que conheceste alguma cidade em Marte? Tenho que me deitar sobre o assunto, amiga,amanhã com certeza devo ver nessa tua cidade alguma esquina simpática....mas hoje, hoje,só me imagino percorrer essas ruelas sombrias dessa cidade perdida( ou enconntrada?).Bj
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