
louca louca Sofia
caminhas nesse tormento de vida que te deixa rouca
sem acordar sem encaixar sem suplicar
caminhas para o mundo na ânsia de o viver
vais louca e serena
imprevisível vais decidida
passa Sofia passa
carregas os sonhos nos sacos que transportas
mas onde guardas a razão?
ondes escondes essa paixão
que te deixa moribunda?
doce doce Sofia
envolves-te na escuridão com que te cobres
afundas o corpo e a vontade
entregas-te ao abismo inteira
desafiando o destino e a morte
ora recordas ora esqueçes
na apatia dissonante
negligencias provocante
a dor que te arrefece
louca Sofia
louca louca
XannaX
loca - Concha Buik... |
Fotografia: Thierry Le Gouès
4 comentários:
O Mundo de Sofia. :)
e que mundo, o da Sofia...
Gostei imenso do poema.
Fez-me regressar á minha infância, e a um dos poemas que mais recordo e aprecio, que aqui deixo em homenagem a António Gedeão.
Luisa, sobe que sobe!
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
António Gedeão
Rafael
Rafael
lembro-me deste poema do Gedeão e foi bom relembrá-lo aqui... lembro-me dele dito pelo Mário Viegas... fantástico! mas a Luisa e a Sofia são bem opostas nas suas percepções de vida e realidades...
Obrigado pelo poema (que sabe bem lido em voz alta e como uma lenga-lenga, ritmado, não é?)
obrigado pela visita
b
e
i
j
o
sedossssosssss
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