


Encontro-me dentro das vozes da noite, vozes que vão dar a outras vozes e se misturam sem fronteiras. Vozes . . .Vozes infindas, itensas, imensas.
Reconheço-me nas vozes da noite, vozes em tons de brocados, de tafetás e de cetins. Vozes sonantes, ornadas de lantejolas, plumas, cristais cintilantes e tilitantes. Vozes...
Vozes que me transportam como um abraço envolvente. Que me repousam. Que me transmitem a vida e os amores. As palavras e os pensamentos.
Olho em volta...
Vejo-te dentro das vozes da noite. Encontro-te suspenso da escuridão desta casa sem paredes. Pressinto-te os olhos num vento quente suspirado no meu rosto. Ouço-te.
A tua voz como um longo bocejo... meias palavras... frases incompletas... abstracções...
Movo-me dentro da cor e da música da tua voz e durmo abaixo do nível da tempestade. Abaixo do nível do som. Ouvindo-te(me) sem consciência, movendo-me sem esforço na lenta palpitação dos sentidos, no deslizar da seda, numa corrente branda de sedução e desejo. Respiro num extase de dissolução.
O amor falou mais alto!
Pinturas de Joe Novak - Voices 2 - XL, XXIX, XXVII
3 comentários:
Deixa-o falar... Mas gosto mais ainda, quando ele canta!
Gostei muito da tua prosa poética.
É muito bem escrita.
Beijinhos e bom fim-de-semana.
LIndo!LIndo!
Enviar um comentário