
Vai-se então para os verdes sítios amanhecidos abraçar as rochas com os lábios encostados ao musgo, cortando levemente os braços nas arestas pontiagudas.
Vai-se sem um tempo na alma, pesada e cheia de tanto tempo, pesada e cheia. E apesar dos contornos leves pressentidos ao longe, atraentes e translúcidos na sua luminosidade intensa e ilusória, impeço-me de avançar e fico: são apenas outras cidades e o eterno barulho dos homens tentando sobrepor-se ao silêncio deste tudo, à união perfeita deste lugar sem fim – eu própria.
Não. Aqui não chegarão jamais – eu nunca viverei assim, eu tenho em mim este lugar.
Será isto a eternidade? Haverá eternidade sem ti? O que mais me espanta é esta persistente ideia de eterno que em ti pressinto e em vão persigo, esse nó cego tão lindo que cega ao ser olhado, essa maneira subtil de atar a vida unindo-a à morte.
E desamarro-te: os dedos depressa, mais devagar os olhos que vêem.
Fotografia: Alexandre Mateus
2 comentários:
Lindo,Xannax, muito sugestivo.:-)
Beijos
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