sábado, abril 1

Fim da canção

Hoje acordei
e depois de nos reler
chorei.













Senti-me qualquer mulher a quem se recorre para satisfazer caprichos.
Consegues transformar-me em qualquer coisa que não sou eu.
Parece que recolho para dar lugar a uma qualquer figurante de mim.
E então grito, zango-me, choro (e ainda retenho essa vontade de gritar, zangar, chorar),
mas guardo as migalhas das tuas frases.
Guardo as migalhas das tuas parcas frases que tão pouco me acariciam...
Fico atrás das palavras que te servem de entretenimento.
Fico atrás dos pedidos, das urgências
e deixo que tentes decidir do tão pouco de nós...
deixo que acordes ou adormeças...
deixo que brinques... que vires do avesso
deixo que me deixes
deixo que te chore
e fico assim
liofilizada
zombizada
a amar-te como quem ama

Não sei, amor, sequer, se te consinto mais.

Fotografia: Bryan Remer

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